terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Eu sempre tive uma opinião própria bem definida, acho que pelos diversos fatos da minha infância, ou por gostar muito de buscar entender as coisas antes de fazer um pré-julgamento sem argumentos fortes.

Comecei cedo a querer ser adulto, acho que uns 8 anos eu já me sentia completamente independente e responsável, cabulava aula ou ia para a casa dos meus amigos de escola sem ter medo ou correr o risco de ser descoberto pelo minha mãe. Eu morava na Freguesia do Ó, Zona Norte, e estudava na Pompeia, Zona Oeste. Era quase impossível minha mãe saber se eu realmente havia ido para escola ou não, mas eu gostava de estudar, só por isso, eu, meu irmão e nossos amigos meio que agendávamos dias para cabular aulas, e eu sabia do meu que eu corria, ainda mais porque quem ficava sem a matéria do dia, era eu, e eles.

Quando eu fiz 11 anos, eu fui estudar numa escola de bairro lá na Freguesia do Ó, lá eu conheci diversas coisas que eu não conhecia. Quando eu estudava na Pompeia, eu era a pessoa de menores condições financeiras lá, e a educação dos meus colegas de classe era exemplar demais para mim, mas lá na escola em que eu comecei a estudar na Freguesia do Ó não era literalmente o contrario, mas eu era apenas mais um de família pobre, filho de assalariado, que vive de aluguel com um apenas um salário mínimo. A primeira vez que e sofri “bullying” foi nessa escola. As pessoas me chamavam de preto, gay, mariquinha, santinho, etc. Essa escola era próximo à marginal Tiete, e na ponta da rua onde ficava a escola tinha um Hipermercado Extra, e confesso que quando eu me irrite de ir para a escola “sofrer”, eu comecei a ir todos os dias para o Hipermercado assistir filmes, desenhos e ouvir músicas no rádio. Eu sempre achei que o melhor para mim só eu sei. Eu fiquei 38 dias sem ir para escola e minha mãe foi chamada lá, levei uma bronca, fiquei de castigo, etc etc etc, coisas que mães fazem pois acreditam que isso vai melhorar a índole de seus filhos... Voltei a ir para escola, mas completamente despretensiosamente, ia apenas por ir, fazia apenas por fazer, eu estar lá era algo inútil, confesso que não me lembro de nada do que aprendi naquela época.

O ano seguinte foi melhor para mim, fiz “amigos” e comecei a ser incluído em um circulo social. O “bullying” de sempre continuou, mas eu não me importava como antes, porém eu quase estrangulei um menino por ter me chamado de bichinha e briguei com outro pelo mesmo motivo. Nunca tive impulsos violentos, sempre fui bem pacato, minha mãe, mesmo me batendo quando não a obedecia, sempre me ensinou que o diálogo sempre foi a melhor forma de resolver os problemas e por isso eu evitava ao máximo ser drástico para resolver esse tipo de assunto.

Em 2007 eu mudei de cidade, morava em São Paulo e fui morar em Caieiras e comecei a estudar em uma nova escola. Confesso que eu me esforcei ao máximo para gostar das pessoas que estudavam comigo, tentei de diversas formas a ter amizade com aquelas pessoas, mas não, não consegui, era impossível, completamente diferente. Fiquei lá por 3 meses, depois fui morar com o meu pai em Minas Gerais, Mendanha (Distrito de Diamantina). Não vou falar muito de quando morei em MG, não que eu não me recorde, apenas acho que é um fato completamente desnecessário, foi um tempo perdido que eu faço questão de não considerar em minha vida.

Quando chegou fevereiro de 2008, meu pai me mandou de volta para São Paulo para eu morar com minha mãe em carona com um desconhecido. Eu tinha 15 anos, minha mãe estava morando em Taipas, Zona norte de São Paulo, e esse foi o melhor ano da minha vida. Eu conheci pessoas na escola que era fúteis, desnecessárias e que me tratavam como apenas mais um e isso pode parecer ruim, mas não era, eu fazia trabalhos sozinho e colocava nome de diversas pessoas e essas mesmas pessoas me emprestavam o seus celulares, era a febre do Orkut, eu tirava diversas fotos, vivia nos telecentros do bairro, ficava online diversas horas do dia, parecia popular – rs –, andava no meio dos populares, porém eu sabia que era efêmero todo esse convívio e realmente foi. No começo de 2009 voltei à mora em Caieiras, estudar na mesma escola que estudei em 2007 e para mim parecia uma derrota, eu não aceitava isso. Os anos de 2009 e 2010 foram os anos de isolamento social, eu fazia questão de não ser percebido.

Eu mudei muito, hoje eu sou menos antissocial que em 2010, porém, confesso que sou muito introspectivo, não vejo graça em quase nada, não tenho amigos. Às vezes me bate um desespero, eu sinto vontade de sair à noite, aproveitar os meus 21 anos, mas eu sei que se eu sair sozinho, eu vou passar a noite sozinho. Eu queria ter milhões de amigos fúteis como eu tinha em 2008, eu sei que tudo passa, que depende de mim “fazer amizade” com pessoas diversas, ser social, ser pacifico, simpático, mas como ser assim se todos os dias quando você acorda você pensa em falar com alguém mas você sabe que sua vida não é interessante para ninguém e ninguém vai querer saber o que você pensa ou acha. Devido a tudo que eu já passei até hoje, eu sei quanto vale uma opinião, um desabafo. Às vezes, lá no meu serviço, tem pessoas que eu vejo que são como eu, sem relacionamentos sócias, e elas falam desesperadamente coisas desnecessárias, e quando eu converso com elas, eu as ouço com muita atenção pois eu sei o quanto é doloroso você querer falar algo para alguém sem que alguém queira ouvir, mas eu sei que eu não quero ser como elas. Tudo que sei é que as pessoas são como o tempo, passam e se vão, e mesmo que você seja a “pessoa mais mais” de algo, você não é nada sem outras pessoas ao seu lado. Do que adianta toda a inteligência, o conhecimento, um opinião bem definida se não houver alguém para escutá-la?